As gripes e as constipações são as doenças típicas do inverno, mas há quem relate também ter mais dores nas costas e nas articulações quando o tempo está mais frio. Mas porque é que isto acontece? Confirma-se que o frio pode agravar dores nas costas?

É verdade que o frio pode agravar dores nas costas?

Em declarações ao Viral, o anestesiologista e diretor clínico do Grupo Paincare, Armando Miguel Barbosa, confirma que o frio pode agravar as dores nas costas… e não só.

“O frio tem influência não só nas dores nas costas, mas nas dores em geral, nomeadamente em pessoas que já têm patologia prévia osteoarticular, tais como artroses e problemas de hérnias discais. Quando as pessoas já têm esses problemas, o frio pode agravar a dor”, sustenta.

Mas porque é que isto acontece? Segundo o anestesiologista, existem quatro razões para justificar um agravamento das dores durante os dias mais frios.

O primeiro motivo está relacionado com “uma espécie de sensores (nocireceptores) que temos na pele que nos permitem perceber e sentir a dor”. Com o frio, “esses sensores, por uma questão de alteração da pressão atmosférica, ficam mais sensíveis à dor”. Isto é, sentem “dor com estímulos que habitualmente não provocam dor”, aponta o médico.

Num segundo plano, esclarece Armando Miguel Barbosa, quando temos frio, “o nosso corpo, por uma questão de defesa, vai direcionar uma grande parte do fluxo sanguíneo para os órgãos mais importantes – como o coração, os pulmões, os rins, o fígado e o cérebro – para os aquecer”. 

Isto faz “com que as extremidades possam ficar com menos fluxo sanguíneo e a pessoa sinta mais dor nessas zonas, por uma questão de insuficiência de sangue nessa área”.

Em terceiro lugar, o líquido sinovial, “que tem como função lubrificar as articulações, acaba por ficar mais espesso com o frio”. Com esta alteração de consistência, esta espécie de lubrificante “não faz tão bem essa função e é necessário que a pessoa se comece a movimentar para aquecer”.

Para explicar este ponto, o médico recorre a uma analogia: “É semelhante ao que acontece com o óleo dos carros que, com o frio, também fica mais espesso. Por isso é que, de manhã, quando está frio, os carros têm mais dificuldade em pegar”.

Por fim, “quando temos frio, temos um sistema de aquecimento do nosso corpo – que é o tremor – que resulta de pequenas contrações musculares que provocam um microaquecimento do nosso corpo”. Este tremor, conclui, “pode agravar a dor em algumas zonas, por contração do músculo”.

Como minimizar o impacto do frio nas dores?

Manter-se aquecido “quer em casa, quer na rua”, é a medida mais óbvia, mas também uma das mais eficazes, para minimizar o impacto do frio nas dores.

Para tal, Armando Miguel Barbosa aconselha a “usar vestuário adequado” quando estamos fora de casa e, sempre que possível, “manter a casa aquecida”.

O médico admite, contudo, que, no que toca a aquecer a habitação, “em Portugal, é um bocadinho complicado, porque o aquecimento é realmente muito dispendioso e algumas pessoas não têm capacidade de pagar esse acréscimo na fatura da eletricidade”.

Além destas duas medidas, é também importante “nunca deixar de fazer atividade física”.

“Muitas vezes, as condições climatéricas são usadas como desculpa para a pessoa não fazer atividade física, mas não o deve deixar de fazer”, aponta.

Quando a chuva não convidar a passeios ao ar livre, o médico sugere “ir a um centro comercial e fazer marcha”.